Leiam com atenção a notícia trazida por Élio Gaspari neste domingo, 23/10/2011 na Folha de S.Paulo, sob o título "A encruzilhada do julgamento do 'mensalão'". É preocupante.
Pelo menos uma pessoa suspeita que foi sondada para uma das vagas surgidas no Supremo Tribunal Federal e lhe perguntaram o que achava do processo do "mensalão".
Essa esperteza é perigosa. Primeiro porque, revelada, avacalha o governo e a escolha. Além disso, muitas vezes não funciona. O convidado pode dizer uma coisa hoje e outra ao julgar o caso.
A direita americana aprendeu isso em 1990, quando o presidente Bush Primeiro nomeou para a Corte Suprema o juiz David Souter, um solteirão solitário que só lia jornais aos domingos, tinha televisão em preto e branco e vinha avalizado pelos conservadores de New Hampshire.
Souter desequilibraria a Corte em favor dos republicanos, mas deu-se o contrário. Ele ajudou a conter a ofensiva contra o direito das mulheres ao aborto e, em 2000, votou, com a minoria, contra a decisão que deu a Presidência dos Estados Unidos a Bush 2°.
Um dia vai-se saber o tamanho de sua amargura. Souter ficou na cadeira por mais nove anos. Eleito Obama, renunciou, entregando a vaga a um presidente liberal.
O ministro Joaquim Barbosa concluirá o relatório do "mensalão" ainda neste ano e, pelo andar da carruagem, o processo chegará ao final em 2012, tornando-se uma encruzilhada no calendário político.
Casos esparsos de corrupção e manifestações de rua continuarão a pipocar, ao sabor das malfeitorias dos companheiros, mas, nos dias do julgamento, haverá gente na rua.
Se entre os 11 juízes da ocasião houver magistrados colocados sob a suspeita de uma armação do comissariado, o governo e o Judiciário só terão a perder.
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