Os
intelectuais, via de regra, são muito vaidosos e donos da verdade.
Há muitas explicações para esse comportamento. Algumas claramente
freudianas. Outras, nem tanto. Prefiro evitar comparações ou tomada
de partido. Arrisco, porém, observar um fenômeno curioso que ocorre
a um grande número deles: a sedução pelo poder ou, o que pode dar
no mesmo, pelos poderosos, mesmo que alguns sejam por eles
solenemente ignorados.
Platão foi quase em serviçal de Dionísio de Siracusa. Na condição de preceptor de seu filho, passou por poucas e boas. Maquiavel se esqueceu de seu projeto de um bom governo, para devotar carinho e O Príncipe à casa dos Médici. Grócio também trocou seu ideário republicano pelas cortes do absolutismo francês. Rousseau e seu desafeto Voltaire dependiam de favores da elite parisiense para frequentarem os salões e as festas. Claro que, vez ou outra, sobretudo Voltaire ironizava aqueles que o incluíam nas listas de convidados. Pobre compensação.
Hegel saudou efusivamente Napoleão, quando as tropas francesas invadiram a Prússia. Era sinal de manifestação do espírito absoluto ou de puro oportunismo? Há divergências, embora, por comodidade, prefira a primeira versão. Schmitt e Heidegger bajularam as autoridades nazistas. Não se limitaram a dar apenas apoio às ideias e ao projeto de poder. Sartre teria padecido do mesmo mal em relação a Mao e a Stalin.
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