Artigo publicado no Constitutional Law Blog, sob o título Fed Independence, Fed Capture, a respeito da independência do Banco Central americano. As reflexões valem também para cá
"Será que o Federal Reserve faria melhor se largasse a sua independência e se tornasse (novamente) mais responsável perante os agentes estatais eleitos? Timothy Canova discute essa questão na The American Prospect Review. Ele conclui que o período de prestação de contas do Fed durante a década de 1940, sob a Presidência de Marriner Eccles, resultou em muito mais sucesso e coordenação da política monetária, independente do setor financeiro.
Casanova escreve que, durante esse período mais responsável, mas transparente e "socialmente neutro", o Fed trabalho em parceria com o Instituto de Administração de Preços (Office of Price Administration) para controlar os gastos do Congresso e as prioridades de financiamento (e não, como agora, para servir aos interesses do setor financeiro a exemplo da recente compra dos seus ativos tóxicos). Como resultado, as taxas de juros não subiram, embora os gastos federais e empréstimos fossem muito maiores do que hoje (em percentagem do PIB). Por quê? Porque, argumenta Canova, o Fed comprou títulos do governo "em quantidade e preço necessários para manter enquadrada a taxa de juros do Tesouro." Resultado: Uma política monetária do Fed que acomodava a política fiscal do Congresso que efetivamente tirou o país da Grande Depressão.
Canova sugere que a independência do Fed em 1951 abriu espaço para a captação do setor financeiro, uma conclusão apoiada por um relatório no mês passado da Reuters intitulado Cozying up to Big Investors at Club Fed. Segundo a reportagem da Reuters, há uma porta-giratória rápida entre o Fed e do setor financeiro que permite muitas vezes um "fluxo de informações de parte a parte e uma baixa de guarda do agentes do Fed com seus ex-colegas e outros contatos próximos do setor privado."
Canova conclui sua obra com este parágrafo:
"Poucos economistas entendem esse período da história do Federal Reserve, que tem sido retirado da maioria dos textos, incluindo livros didáticos de economia como os de Bernanke. Quando o período de Eccles é discutido, costuma ser é julgado como uma anomalia - que infelizmente o foi. A opinião corrente é a de um banco central capturado por interesses financeiros privados, que está perseguindo uma agenda elitista da desregulamentação e austeridade fiscal com salvamentos e bônus para banqueiros. Mas, como mostra a própria história de nossa nação, num dos melhores momentos dos Estados Unidos, ele não se conduziu dessa maneira."
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