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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Esquerda e direita abrigam parcelas iguais da população brasileira

Reportagem da Folha de S.Paulo de 8/12/2013

Os brasileiros se dividem de maneira igualitária entre direita (39%, sendo 10% de direita, e os demais 29%, de centro-direita) e esquerda (41%, sendo 10% de esquerda, e 31% de centro-esquerda) quando se trata de assuntos relacionados a comportamento, valores e economia.

Nessa divisão, 20% ficam no centro do espectro ideológico. Ao tratar somente de temas comportamentais e ligados a valores, os segmentos da população com mais afinidades com a direita (49%, sendo 12% de direita, e 37%, de centro-direita) ultrapassam os mais ligados à esquerda (29%, sendo 4% afinados com a esquerda, e 25%, com a centro-esquerda), e o centro puro ganha espaço (22%).

Quando se consideram apenas temas econômicos, a maior fatia também fica à esquerda (46%, considerando 21% de esquerda, e outros 25% de centro-esquerda), enquanto a direita abrange 26% (8% de direita, e 18%, de centro-direita), e o centro passa a abrigar 27%.

Questão sobre crença em Deus e debate sobre drogas são temas que menos dividem brasileiros

Dessa série de frases, as que menos dividem a população se referem ao uso de drogas e a crença em Deus: para 87%, acreditar em Deus torna as pessoas melhores, e só 12% acreditam que crer em Deus não torna uma pessoa melhor. Um índice próximo (83%) avalia que o uso de drogas deve ser proibido porque prejudica toda a sociedade, e 15% veem a questão de outra forma e acreditam que não deveria ser proibido porque a consequência do uso é individual.


Entre duas questões sobre o mesmo tema, mas com sentidos opostos, as que também tiveram aceitação de mais de 60% por uma delas se referiam à punição de adolescentes infratores (72% acreditam que devem ser punidos como adultos, e 26%, que devem ser reeducados); à posse de armas (68% defendem a proibição, e 30%, a liberação do uso); à homossexualidade (67% acreditam que deve ser aceita pela sociedade, enquanto 25% analisam que deve ser desencorajada); à imigração (para 67%, imigrantes pobres contribuem com a cultura e desenvolvimento local, enquanto 25% acreditam que causam problemas); ao papel do governo (também é de 67% o índice dos que avaliam que o governo é o principal responsável por investir e fazer o país crescer, e 24% acreditam que esse papel cabe às empresas privadas); à pobreza (65% avaliam que a pobreza é causa por falta de oportunidades, e 32%, que está ligada à preguiça); e à criminalidade (63% defendem que a criminalidade tem origem na maldade das pessoas, e 34% creem que seja causada pela falta de oportunidades iguais para todos).  Leia mais


Jovem tende à esquerda, e rico se inclina para a direita

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A derrota de Sócrates

"Estejam calmos, então, tenham firmeza." (Sócrates)
Curioso esse mundo. A imaginar que a crise atual foi decorrência do credo e práticas da direita, era de se esperar que a esquerda saísse triunfante nas urnas mundo afora. Obama, noves fora as contradições norte-americanas, bem que ensaiou a peça, mas, na Europa, foram os céticos que a encenaram. A América Latina parece girar ainda no eixo cesarista de propósitos nebulosos. O Oriente, distante ou próximo, como o Irã de Mahmoud Ahmadinejad, não foge de sua sina ou tradição, se bem que não há muito sentido de se falar em dextrofobia ou levofilia por lá, Japão, Israel e Índia, em parte, à parte. Ao velho mundo do Ocidente voltemos, então.
Na geografia partidária, as forças de centro-direita, reunidas pelo Partido Popular Europeu (PPE), conquistaram 263 das 736 cadeiras do Parlamento Europeu nas eleições deste junho bolorento de 2009. É certo que os partidos governistas em boa parte dos países eram de esquerda e acabaram por pagar o pato dos desatinos da economia, herdados, em grande escala, dos seus agora vencedores. Assim ocorreu na Áustria, na Eslovênia, na Hungria, na Irlanda, na Espanha e em Portugal.
A mesma tendência revanchista não se deu nos lugares com governos de centro-direita, todavia. A exceção, tinha que haver, ficou na conta de Estados ainda sem densidade eleitoral ou política, como a Grécia, onde os socialistas do Pasok ganharam dos conservadores da Nova Democracia do primeiro-ministro Costas Caramanlis, e a Letônia, com a derrota estrondosa do partido centro-direitista do primeiro ministro Valdis Dombrovskis, Nova Era (JL: Jaunais laiks), para a não menos centrista União Cívica (PS : Pilsoniska Savieniba), que integra, como uma espécie de PMDB local, a coalizão governante.
A União por um Movimento Popular do presidente francês, Nicolas Sarkozy, derrotou o Partido Socialista nas terras da bela Camille. Na Alemanha, a aliança formada pela União Democrata Cristã (CDU) e pela União Social Cristã (CSU), da chanceler Angela Merkel, venceu com sobras o Partido Social-Democrata (SPD). Na Itália, o partido Povo da Liberdade (PDL), do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, saiu com o triunfo com três pontos mais do que obtivera nas eleições europeias de 2004, enquanto viu definhar em cinco a esquerda do Partido Democrata (PD). Não foi diferente com o Plataforma Cívica, PO, que governa a Polônia, com a agravante de que o segundo lugar foi obtido por outro partido conservador, o Direito e Justiça. Situação parecida se deu na Holanda, onde o partido cristão CDA, do primeiro-ministro Jan Peter Balkenende, venceu o pleito, e, na Bélgica, com a derrota dos socialistas valões e liberais flamengos para os democratas cristãos do CDV.
Em contrapartida, partidos ultradireitistas perderam espaço, embora não a pose. Na Holanda, o direitista Partido para a Liberdade, PVV, ficou nos calcanhares dos democratas cristãos. Assim também, o Partido Liberal Austríaco (FPÖ), que fez a campanha centrada em mensagens antissemitas e contra o islamismo, mais que dobrou sua expressão eleitoral. Os resultados das urnas alemãs certamente levarão a coalizão governante mais para a direita com a provável aliança entre o CDU/CSU com os liberais. A Liga Norte, aliada de Berlusconi no Governo, se tornou o terceiro partido mais votado na Itália e deverá cobrar a fatura. Nem tudo são cinzas, entretanto. Os Verdes foram a novidade boa dessas eleições, crescendo em quase todos os cantos. O Europe Ecologie francês cravou 16% das preferências, enquanto o Ecolo belga dobrou sua representação parlamentar. Na Grécia, onde eles eram quase nulos cinco anos atrás, conseguiram abocanhar cerca de 5% dos votos. Um pouco muito.
Em Portugal, a derrota do Partido Socialista, liderado pelo primeiro ministro José Sócrates, se deu para o Partido Social Democrata, contando com o Bloco de Esquerda (BE), integrado por antigos partidos e movimentos marxistas, trotskistas, feministas e ambientalistas, como terceira força política. Sem deixar de referir ao crescimento da Coligação Democrática Unitária, integrada pelo Partido Comunista e pelos Verdes (PEV), a quase empatar com o BE e à frente do Partido Popular (CDS/PP), da direita conservadora.
Tudo acima tem a certeza das apurações matemáticas. Mas será que a esquerda é esquerda mesmo e a direita, direita de tudo? Haverá ainda esquerda e direita, fora na orientação espacial do homem? Pois, não. Virou moda dizer que na política como na vida só existe ambilevidade. Esquerda, do tipo usado há pouco, é mero rótulo do tempo dos revolucionários franceses (antirrealistas e anticlericais, liberais, republicanos, burgueses) e russos (marxistas-leninistas e stalinistas) que deixou de legado apenas o autoritarismo na política, a burocracia no Estado e a pobreza na sociedade. Os versos da igualdade entre os seres humanos, do reino da justiça social e da fraternidade, escritos por todos como projetos de vida em comum, seriam sopas de letras temperadas com as cores da ilusão, cega ou mal intencionada.
Esquerda é conteúdo ou forma, no entanto? Simples forma, será o oposto do statu quo: o retrato da insatisfação com a ordem institucionalizada, seja de que matiz for. Se for conteúdo, terá guias como aqueles versos, rimados com a tolerância, mudança e insubmissão. E terá idade. Há a velha esquerda, dedicada à tomada de poder, de modo democrático ou revolucionário, que vê ainda a raiz de todas as mazelas humanas nas relações e modos de produção capitalista, sintonizando-se com a politização radical dos movimentos sindicais para mudança da opressão econômica.
A nova esquerda não descarta as críticas à antiética capitalista, mas acredita que a emancipação social necessita de uma profunda transformação nos processos de interação humana, de modo a descobrir e superar as fontes sociais de opressão, não só a laborativa. Buscam-se, por isso, o ativismo e a mobilização sociais como instrumentos de construção de um futuro sem o contágio do exagerado otimismo, da velha esquerda e da direita, com o progresso tão racional quanto emotivo.
A esquerda nova tem impressões na política, na sociedade e na cultura de um modo muito mais profundo e difuso do que a outra. Inscrevem-se na versão 2.0 os movimentos feministas, homoafetivos, multirraciais, dos biodireitos, da democracia digital e da mundialização minimamente justa, quando não controlada, entre tantas tendências que surgem à criatividade da vida presente. Como a direita, acredita nos potenciais transformadores da própria sociedade, embora contra ela, não reduza tudo a trocas econômicas, nem seja tão refratária ao Estado.
Os eleitores sabem disso? Nem tanto. Os próprios atores políticos não se mostram de acordo, tampouco. Diante da complexidade de nossos dias, há pessoas supostamente de nova esquerda que são contrárias a algumas de suas manifestações. São contra o aborto, por exemplo. Outros, com um pé na velhice ideológica, acreditam que a pulverização da esquerda faz o jogo da direita.
Podem, por tudo isso, ser chamados de nova esquerda? O embaçamento do para-brisa político é ainda maior com a busca paternal da direita à proteção do Estado contra a má educação do filho mercado na crise recente.
Sócrates, o grego e não o português, o avesso ao banho e não o militante socialista, poderá ter sido derrotado pela própria filosofia, ao achar que a submissão à injusta pena de envenenamento condenaria seus juízes à morte filosófica: a verdade do gesto e da fala ensinaria às futuras gerações. Na política, até agora, suas intenções foram vãs. Continuamos tão desconcertados como Ânito, Lícon e Meleto, os promotores do caso. E, às vezes, tão mal intencionados quanto.
É difícil ser calmo, é difícil ser firme numa tempestade dessa, tão curiosa e tão confusa.

Direita na Bulgária e PRI no México

Sófia - A Bulgária realiza neste domingo, 5, suas primeiras eleições parlamentares desde que entrou na União Europeia (UE), em 1º de janeiro de 2007, e as sétimas desde a queda do comunismo em 10 de novembro de 1989. Os 11.404 colégios eleitorais da Bulgária abriram às 6 horas (0 hora de Brasília) para que cerca de 6,8 milhões de búlgaros elejam os 240 deputados que os representarão durante os próximos quatro anos. No total, 20 partidos e coalizões concorrem no pleito no qual os favoritos são o opositor direitista, Cidadãos para Desenvolvimento Europeu da Bulgária (Gerb), liderado pelo prefeito de Sófia, Boiko Borisov; e o Partido Socialista Búlgaro (BSP), liderado pelo primeiro-ministro, Serguei Stanishev. O populista Borisov, um ex-guarda-costas, se apresentou como um paladino contra a corrupção que reina em todos os níveis da Administração pública, e que provocou que a Comissão Europeia (CE) privasse a Bulgária de 500 milhões de euros em ajudas no ano passado. O pleito de hoje promete passar sob a sombra de dois fatores que desempenharam um papel decisivo para os resultados finais: a compra e venda de votos e a migração de eleitores com dupla cidadania vindos da vizinha Turquia. Apesar de todos os partidos advertirem em suas mensagens eleitorais que a compra de votos é um delito, várias investigações jornalísticas revelaram que emissários dos partidos chegaram a oferecer aos cidadãos entre 25 e 50 euros por voto. A ONG "Transparência Sem Limites" anunciou que mais de 415 mil búlgaros já venderam seu voto, principalmente por motivos de pobreza. Cerca de 55 observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (Osce) foram deslocados para o país para evitar fraudes durante as votações. O outro fenômeno, a chegada de eleitores da Turquia, se repete há 20 anos em cada convocação eleitoral. Segundo dados não oficiais, na Turquia vivem mais de 120 mil pessoas com dupla cidadania, búlgara e turca, e uma considerável parte deles vão votar no partido da minoria turca na Bulgária, o Movimentos de Direitos e Liberdades (DPS). Vários meios locais preveem que esses votos podem assegurar pelo menos quatro cadeiras ao DPS. Os colégios eleitorais fecharão suas portas à 19 horas (13 horas de Brasília) e os primeiros resultados oficiais serão anunciados não antes das 23 horas (17 horas de Brasília). (EFE. O Estadão online)
México - O partido que governou o México por sete décadas parece estar conseguindo um histórico retorno nas eleições parlamentares de meio de mandato, realizadas neste domingo. O Partido Revolucionário Institucional (PRI) colhe uma grande votação pela primeira vez desde que perdeu a presidência, em 2000.Com cerca de 45% das urnas apuradas, o PRI obtinha cerca de 35% dos votos para a Câmara dos Deputados, contra cerca de 27% para o conservador Partido da Ação Nacional (PAN), do presidente Felipe Calderón.
"Os resultados demonstram que o México é um país que quer propostas, quer soluções e que não vai tolerar insultos", declarou Beatriz Paredes, líder do PRI. Calderón fez um discurso reconhecendo os resultados e pediu que o novo Congresso trabalhe com o governo para tirar o país da pior crise econômica desde os anos 90. "Agora temos de concentrar nossos esforços na busca dos acordos de que o país necessita para recuperar, o mais cedo possível, o crescimento econômico, a criação de empregos e a segurança pública", afirmou.
Ainda não está claro quantos assentos caberão a cada partido na Câmara dos Deputados, que tem 500 integrantes. No México, o sistema de representação é proporcional e as porcentagens da votação não traduzem exatamente o número de eleitos em cada partido.
O PAN controlava até agora 206 cadeiras na Câmara e esperava aumentar sua representação graças à campanha deflagrada pelo governo para combater os cartéis da droga. Mas o PRI deve emergir das eleições como a maior bancada da Câmara, mais do que duplicando sua representação atual, de 106 cadeiras. As informações são da Associated Press. (Agencia Estado)