sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Flaubert e Machado são fundamentos da decisão: "solene corno" não tem reparo

Uma relação extraconjugal da esposa de um policial federal deu pano para manga. Foram sete meses de paixão arrebatadora até o marido descobrir. Veio o salseiro. Brigou com a mulher e ameaçou o amante. Amante que nada aprendeu sobre as artes do amor, denunciou o caso à Corregedoria da Polícia Federal. Foi a publicidade que faltava: a notícia vazou e os colegas passaram a chamar o agente de "corno conformado". Foi demais.
Ajuizou ação indenizatória contra o traidor. Perdeu e ainda recebeu aulas de sexologia e literatura. Um pouco de psicologia. O nobiliárquico magistrado usou Capitu e Madame Bovary para justificar a conduta desleixada do marido, que tornou a relação tão fria quanto o zero absoluto e deixou a mulher com o sentimento de perda ou, pior, de desprezo. “Alguns homens, no início da ‘meia idade’, já não tão viris, o corpo não mais respondendo de imediato ao comando cerebral/hormonal e o hábito de querer a mulher ‘plugada’ 24hs, começam a descarregar sobre elas suas frustrações, apontando celulite, chamando-as de gordas (pecado mortal) e deixando-lhes toda a culpa pelo seu pobre desempenho sexual”, diz, na sentença, o juiz Paulo Mello Feijó.
as mulheres na fase pré-menopausa “desejam sexo com maior frequência, melhor qualidade e mais carinho – que não dure alguns minutos apenas”. Mulheres nessa situação, diz o magistrado, têm dois caminhos: ou se fecham deprimidas ou “buscam o prazer em outros olhos, outros braços, outros beijos (...) e traem de coração”. Nesses casos, o pensamento nada pode ser outro: “Meu marido não me quer, não me deseja, me acha uma ‘baranga’ - (azar dele!) mas o meu amante me olha com desejo, me quer - eu sou um bom violino, há que se ter um bom músico para me fazer mostrar toda a música que sou capaz de oferecer!!!!”
“Um dia o marido relapso descobre o que outro teve a sua mulher e quer matá-lo - ou seja, aquele que tirou sua dignidade de marido, de posseiro e o transformou num solene corno!”. “Portanto, ao réu também deve ser estendido (...) perdão, porque as provas nos autos demonstraram que o autor perdoou sua esposa e agora busca vingança contra o réu, que também é vítima de si mesmo juntamente com a esposa do autor.”
Como o adultério não é mais crime, aconselha a vítima de infidelidade a procurar um psiquiatra. E cita ainda a música Ninguém Tasca (O Gavião), de Pedrinho Rodrigues: "'A nega é minha, ninguém tasca, eu vi primeiro'. É apenas a letra de um samba em que o pássaro que aprende a voar livremente não se adapta mais à gaiola".

3 comentários:

Balaio da Vivi disse...

rsrsrsrs
Nada mal pra uma sexta-feira!!!
Quase foi uma bela lorota... Quaaase!
Um fim de semana bem divertido!
Abraço da Vivi.

Anônimo disse...

Esse conto e' seu? ou nao e' conto? Fico surpresa com essas suas multifacetas...

Caixa de Pandora disse...

Não concordei com a comparação com a Capitu, já que a opinião é dividida. Não achedito que ela traiu Bentinho, ele que era um tatuto rsrsrs