Engenharia genética é o nome que se dá às técnicas da biologia celular que têm por objetivo a utilização, a reprodução e a modificação do genoma dos seres vivos. Seu emprego está associado tanto a finalidades médicas e farmacêuticas, por exemplo, com o desenvolvimento de vacinas e de terapias gênicas, quanto à produção agro-alimentar, pelo uso de variedades de espécies resistentes a pragas ou a impactos e estresses abióticos, como a estiagem e as geadas; sem esquecer das possibilidades de sua utilização para fins, digamos, lúdicos, como na clonagem de animais de estimação.
A transgênese, um dos graves dilemas da bioética, consiste na introdução de um ou mais genes exógenos ou estranhos (transgenes) num organismo vivo, com o intuito de modificar uma ou algumas de suas características e de transmiti-las a sua descendência, dando origem, assim, a um organismo geneticamente modificado, ou abreviadamente OGM. É preciso ficar atento aos nomes: todo transgênico é OGM, mas nem todo OGM é transgênico, pois ele pode ser obtido por meio de técnica diferente da transgenia.
Quem defende o emprego da técnica para fins alimentares diz que os transgênicos, como a soja e o milho modificados, aumentarão a produtividade e reduzirão o uso de agrotóxico, sem causar malefícios à saúde humana. Os que a combatem levantam a suspeita do efetivo ganho de produtividade ao lado de sérios riscos sanitários e ambientais, especialmente com a chamada «poluição gênica» (disseminação do transgene no meio ambiente) de consequências potencialmente danosas.
Os defensores negam tais riscos ou a sua seriedade; os partidários anti-OMG afirmam-nos, alegando que não há estudos científicos confiáveis que os afastem. Em direito ambiental, esse quadro de incerteza exige a incidência do princípio da precaução: diante da dúvida razoável, não agir, tradução do vulgo «melhor prevenir do que remediar».
Atualmente, o STF discute o assunto na ação direta de inconstitucionalidade n. 3526, ajuizada pelo procurador-geral da República em 2005. Na prática, a produção e a comercialização de OGMs estão liberadas, desde que cumpram os, para ser franco, frágeis requisitos impostos pela Lei n. 11.105/2005.
A engenharia genética desafia mais profundamente a bioética quando anuncia suas técnicas de manipulação genética dos seres humanos. A transgenia, por exemplo, poderia tanto gerar pessoas mais resistentes a determinados tipos de moléstias, quanto ser usada a serviço de toda sorte de preconceitos, fora as discussões já antecipadas para seu emprego no agro-negócios.
Recentemente, o professor da Universidade de Aberdeen, Escócia, Henning Wackerhage, escandalizou o mundo esportivo, ao revelar ao jornal alemão “Der Spiegel”, no início de 2008, que um clube de futebol da Europa o havia procurado para fazer uma proposta quase indecente: aplicar seus conhecimentos genéticos para identificar os potenciais atléticos dos jogadores a partir de exames do DNA.
A proposta direta já era eticamente preocupante, mas nas entrelinhas é que surgia o inusitado. Wackerhage, embora contra a prática, anunciara antes a possibilidade de desenvolver “superatletas transgênicos” como fizera com ratos em laboratório. Qual seria a verdadeira intenção dos cartolas? O professor não sabia ou não quis dizer. O iceberg havia mostrado apenas a sua ponta.
O dopping genético nos esportes e nos demais domínios da vida está aberto ao horizonte, embora seja ainda tecnicamente um enigma. A forma mais usual de trangênicos humanos se vale da introdução de uma gene humano em animais.
As consequências, no entanto, são imprevisíveis como demonstrou a experiência realizada pela professora de Genética e Biologia Celular do RYT Hospital Dwayne Medical Center nos Estados Unidos, Margaret Keyes. Ao implantar células de cérebro humano, oriundas de células embrionárias humanas, num rato laboratorialmente programado para desenvolver o Mal de Alzheimer, a professora se deparou com um quadro quase ficcional: o rato, carinhosamente apelidade de Clyven, não só foi curado da doença como ainda desenvolveu aspectos da inteligência humana. Por meio de eletrodos intalados em seu corpo, Clyven foi capaz de se comunicar e interagir com a geneticista.
A habilidade do rato em vencer o próprio ser humano em jogos de inteligência, como a superação das barreiras de um labirito para chegar ao seu alimento, é notável. Quer fazer um teste? Encontre-se com o ratinho aqui.
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