KURT COBAIN não tinha, digamos, a voz muito bonita, embora soasse com se a alma ou o estômago tivessem cordas; nem era exatamente um exemplo de vida, mas era um poeta urbano, deprimido (pleonasmo) e até melodramático. Sai agora "Kurt Cobain - Retrato de uma Ausência" (Kurt Cobain, about a son), de A. J. Schnack. O filme resume mais de 25 horas de conversas do vocalista do Nirvana com Michael Azerrad, transformadas no livro "Come as you are: the history of Nirvana". Não é exatamente um grande filme, tampouco um documentário como outro qualquer. Nele, são vistas apenas imagens de avenidas, estradas, parques, prédios e pessoas, na quase totalidade, anônimas, "normais", secundadas pela voz do fantasma de Kurt a contar a sua história. Mesmo não tendo uma apresentaçãozinha sequer da banda (faltou dinheiro para bancar os direitos autorais), vale a pena conferir as origens e o contexto de um astro, criador ou inspirador do grunge e da geração X, ofuscado pelas luzes e tão inseguro que não suportou a própria vida. Há um trecho emblemático em que Kurt fala da educação que recebeu de seu pai e diz: "Fui condicionado a não cometer erros (...). Eu fingia ser o super-homem. Era o máximo do divertimento possível." Haverá, com certeza, identificações. E muitas, sobre o que fomos ou estamos tentando ser ou fazer outros serem. É por isso que emociona e, poucas vezes, faz rir.
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