quarta-feira, 2 de setembro de 2009

É inconstitucional discriminar quem é feio!

Deborah Rhode publicou no volume 61/2009 da Stanford Law Review um artigo intitulado "The Injustice of Appearance" [A injustiça da aparência], no qual afirma que a discriminação baseada em padrões de beleza é inconstitucional. As teses de que a distinção, não propriamente discriminação, seria uma prática "natural" da convivência humana não a convencem.
Lembra que em nome da natureza das coisas ou de sua naturalização, já se cometeu muita injustiça. Cita, por exemplo, Plessy v. Ferguson de 1896, em que a Suprema Corte dos Estados Unidos considerou uma medida constitucionalmente legítima, porque baseada num desejo comum e natural, a política racial de "separados, mas iguais", que, no fundo, escondia a prevalência dos verdes claros sobre os verdes escuros, embora todos fossem verdes. A Corte só veio a corrigir seu equívoco em 1954 com Brown v. Board of Education.
Seu argumento principal é o de que "a discriminação baseada na aparência ofende os princípios de igual oportunidade e dignidade individual" (p. 1048). Acrescenta ainda que há atentado à proteção especial a grupos desfavorecidos.
São definidos assim aqueles que de maneira sistemática são estigmatizados socialmente por causas ou critérios subjetivos (como gênero, raça, etnia, orientação sexual e deficiência física), sendo, por isso, prejudicados no livre desenvolvimento de sua personalidade e potenciais. Tais práticas discriminatórias terminam por criar hierarquias dentro da sociedade, comprometendo não apenas a igualdade, mas a própria legimidade democrática (p. 1052).
Ela acrescenta um terceiro argumento: a violação à liberdade de autoexpressão, vale dizer, da identidade e do estilo próprio. Por derivação, afeta-se a forma como o "fora de padrão estético" se vê a si, seu valor e importância (p. 1058). Estamos diante de um novo direito fundamental em gestação?

4 comentários:

Anônimo disse...

Caro José Adércio, esses americanos estão ficando cada vez mais imbecis! Estão entupidos de dinheiro, dizem, inclusive, que ele já estão comendo as "verdinhas" como recheio de sanduíche.
Metade da população americana tem uma aparência de suíno; comem como porcos: amendoum,batata frita, Coca Cola, mostarda, Ketchup e mais uma dezena de porcarias. Isso, refestelados em gigantescos sofás assistindo a programas de TV feito para imbecis como eles.
Essa americana idiota, deve ser horrorosa também. Que os americanos vão para o inferno com suas idéias de igualdade estúpidas.
Quem deve cuidar de obeso são os médicos! Como o Estado americano se preocupa com seus próprios custos, os gordos são uma tragédia para seu American Way of Life!
Falei de gordo como feio, porque só é gordo quem quer e quem é gordo é feio! Gordo no sentido de obeso, ou seja uma pessoa doente que contraria as regras da medicina!
Quanto as pessoas menos aquinhadas esteticamente... Que fazer! No entanto, afirmo: a Condolezza Rice é uma das mulheres mais horrorosas do mundo. Por dentro e por fora! É tão feia que não casou!
Manda a lei americana me processar!

Anônimo disse...

Como é interessante a pluralidade. Penso completamente diferente desse anônimo, embora anônimo seja também.
A foto, uma alusão ao American Beauty, na versão latino-americana sob o título de que "é inconstitucional discriminar o que é feio", leva-nos a crer feio o que não é! Observe a foto. Você enxerga?
Ora as lentes xenofóbicas pintam um quadro da desgraça americana e revelam a identidade do anônimo. A “injustiça da aparência” que não é nada aparente: é real.
Parece passar despercebida a questão da identidade. Não apenas tenho que parecer assim, como fazer assim, comer assim, falar assim, ser assim... Sou feio, por que quero!... Quero, logo sou gordo! Não é assim a lógica desse primo anônimo: "Falei de gordo como feio, porque só é gordo quem quer e quem é gordo é feio!" E seguem os pre-conceitos: o gordo preguiçoso, o gordo idiota. Quem vai contratar um gordo feito, preguiçoso e idiota...
Sim, "a discriminação baseada na aparência ofende os princípios de igual oportunidade e dignidade individual" (p. 1048)
Por que os diferentes nos desafiam tanto?

Vera das Alterosas disse...

Bem, eu sou uma anônima mas nome hehehe. Ao gancho do anônimo 2,que ao final pergunta: "Porque o diferente nos desafia tanto?", e como a minha resposta já estava pronta, tomo a liberdade de deixar o link, se o JALS me permitir. O título já é a resposta.
http://colchadeveroca.blogspot.com/2009/07/porque-narciso-acha-feio-o-que-nao-e.html

Balaio da Vivi disse...

Geeente, lembrei da reportagem sobre auto-imagem da "Glamour" de setembro. A editora-chefe Cindi Leive ficou de cara com a repercussão da matéria. Choveram e-mails do tipo "I love the woman on p. 194!" Tudo por conta de uma barriguinha inha inha de uma mulher...comum! WOW! Ainda existe esta espécie de mulher no mundo!!!(rs) Pra quem quiser conferir a tal barriguinha da modelo Lizzi da categoria "plus-size": http://colunas.epoca.globo.com/mulher7por7. A propósito, sobre beleza padrão tem uma crônica do Paulinho Mendes Campos: "Olhar de mulher" em "O amor acaba". Ele nos relembra que quem ama o feio bonito lhe parece. Ora pois! Postei em 31/8/09 um trecho no videbloguinho.spaces.live.com